Como em uma
doutrina monroe árabe, a Arábia Saudita dá o recado no Iêmen: não admitirá o crescimento da influência do Irã, que apóia a milícia shi'a Houti, cuja investida contra o presidente Abd Rabbuh Mansur Hadi incrementou a já conturbada situação no país e levou ao ataque do território iemenita pela coalizão saudita.
A crise iemenita deve ser entendida dentro do fenômeno das ditas "primaveras" árabes. Tal movimento consistiu, em seu início, em levantes de caráter espontâneo, diante da insatisfação popular com seus governos (em regra, ditaduras alinhadas ao Ocidente) que, em dado momento, foram "adotados" (cooptados) pelo mesmo imperialismo ocidental, para se livrar de tais "aliados" já não tão oportunos. Um fenômeno similar pôde ser visto nas "jornadas de junho" de 2013 no Brasil, que, se em seu nascedouro tinham pautas legítimas, acabaram por degenerar em pautas reacionárias. No Iêmen tal "primavera árabe" resultou na deposição de Ali Abdullah Saleh e na ascensão do agora também deposto Abd Rabbuh Mansur Hadi.
À parte as contradições dentro dos próprios campos, pode-se perceber que na crise instalada há dois grandes blocos em conflito. De um lado, o bloco saudita-sionista-estadunidense, objetivando, como dito, manter o status quo. Em especial, há que notar que o monarca da Casa de Saud desde final de janeiro, Salman bin Abdul Aziz, conhecido por ser "linha dura", precisa mostrar força. De outro lado, o bloco xiita Houti alinhado ao Irã. Evidentemente, nos marcos de tal disputa geopolítica nosso apoio está com esses últimos.