segunda-feira, 2 de março de 2015

Milícias cristãs e a marcha à teocracia


Eis que a Igreja Universal do Reino de Deus apresenta seu novo projeto, os "Gladiadores do Altar". Apesar do objetivo alegado ser formar jovens "que estão dispostos a abrir mão de suas vidas para que outras pessoas sejam ajudadas" (aqui), em verdade trata-se de verdadeira milícia, cujo caráter paramilitar salta aos olhos- da marcha à continência, passando pelo coro típico das casernas. A pergunta que não quer calar é por que a IURD precisa de seu próprio exército particular.

Ao contrário dos movimentos islâmicos de resistência, tal iniciativa nada tem de progressista. À parte o wahhabismo (que deve ser classificado dentre os agressores), as milícias e exércitos de base islâmica -e também cristã, como a Dwekh Nawsha, formada por cristãos assírios iraquianos no combate ao ISIS- que lutam na Palestina, Iraque, Síria, têm diante de si o desafio fundamental da sobrevivência, ou, no mínimo, e em muitos casos é a mesma coisa, de resistência étnica ou nacional. É um enfrentamento de cunho progressista, e nesse sentido merecem solidariedade. O fato de embasarem essa resistência na religião -e não no marxismo revolucionário, como seria desejável- acaba por ser secundário, em vista da imprescindibilidade da luta.

O mesmo não se aplica a milícias fundamentalistas cristãs no Brasil. Não possuem nenhuma tarefa histórica a cumprir, nem mesmo sendo necessárias à autodefesa das igrejas; muito pelo contrário, quem precisa de defesa são os praticantes dos cultos afro-brasileiros, cada vez mais rotineiramente atacados por esses mesmos fundamentalistas cristãos. Em verdade, dado o peso da bancada evangélica no Congresso e o recrudescimento da pauta direitista e conservadora, o Brasil parece caminhar para um sinistro Estado Teocrático.

No vídeo abaixo, com vocês, o exército de Edir Macedo.


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