sexta-feira, 17 de junho de 2016

Considerações sobre as eleições ianques


Coletivo Espaço Marxista

A disputa eleitoral estadunidense, que se dará em novembro deste ano, se definirá mesmo entre Hillary Clinton, pelo Partido Democrata, e Donald Trump, do lado dos republicanos. Qualquer que seja o vencedor, pode-se dizer com certeza que os povos do mundo sofrerão o recrudescimento da escalada imperialista: Trump, encarnando a estúpida extrema-direita ianque, do fundamentalismo cristão xenófobo e racista; Clinton, a secretária de Obama cuja política externa emulou os reacionários tempos de George W. Bush.

O propalado interesse da juventude pela disputa política, na onda da pré-candidatura do senador democrata Bernie Sanders, não teve força para romper a lógica em voga no eleitoralismo ianque, a da alternância de poder entre dois partidos praticamente idênticos. O veterano senador foi um jorro de água fresca: teve como temas centrais de sua campanha a crítica ao sistema financeiro, ao financiamento privado de candidatos, à desigualdade social na sociedade norte-americana, à política belicista e ingerecista dos EUA etc.

Ao contrário dos esquerdistas infantis, que esperam sempre o cenário "perfeito" e sem mácula, nós entendemos que o levantamento de tais pontos teve um caráter largamente progressista. Mas não festejamos nem tampouco distribuiríamos "santinhos" de Sanders. Temos ciência das contradições envolvidas. O melhor dos candidatos nada poderia fazer, radicalmente falando -no sentido marxiano do ir à raiz-, nos estreitos limites dos institucionalismo burguês, e que dirá no seio do próprio "império", o centro do capitalismo e da reação internacionais. Sanders, como quer que seja, é carta fora do baralho, tendo recebido seu tiro de misericórdia com o apoio público de Obama a Clinton- o conservadorismo da sociedade ianque não permitiria que tais pautas, ainda que no plano meramente simbólico ou agitativo, se disseminassem junto ao eleitorado.

O futuro presidente dos EUA terá como meta prioritária garantir a hegemonia ianque no planeta, abalada com a crise do capitalismo de fins dos anos 2000. Nesse sentido, avançará sobre a América Latina, investindo para derrotar o eixo bolivariano, o Mercosul, a UNASUL e outros instrumentos de integração regional- para isso, usará as armas mais sujas para emplacar governos alinhados, como Macri na Argentina e o governo golpista de Michel Temer no Brasil (cujo chanceler, de forma emblemática, é ninguém menos que o entreguista José Serra); avançará sobre o Oriente Médio, para esmagar as resistências nacionalistas e islâmicas, como na Síria e Palestina -e mantendo a hostilidade contra o Irã, apesar do imperialismo ter sido obrigado a ceder na negociação em torno do programa nuclear do país persa-, além de patrocinar militar e economicamente ainda mais a Entidade Sionista; avançará sobre a Europa, ampliando a presença da OTAN no Leste europeu -a Ucrânia deve ser integrada em breve e a Polônia modificou sua legislação para facilitar a permanência e trânsito de tropas estrangeiras em seu território, por exemplo-, em claro desafio contra a Rússia de Putin; tensionará cada vez mais com a China, inclusive belicamente, como nas provocações militares no Estreito de Bering; e assim por diante.

Nós do Coletivo Espaço Marxista defendemos um mundo multipolar, onde seja garantido aos povos seu direito à autodeterminação e o respeito às suas culturas, vivências, história. Uma realidade global onde Washington seja a força absoluta é um pesadelo para os trabalhadores do mundo. Tal dominação, em diversos níveis -econômico, militar, cultural- vai na contramão do processo emancipatório da humanidade rumo ao socialismo, ao contrário, a máquina de guerra imperialista só tem a oferecer barbárie e degradação, inclusive ambiental, haja vista seu apetite insaciável sobre os recursos naturais do planeta. Diante dessa escalada reacionária, mais do que nunca o brado "proletários de todo mundo, uni-vos!" é atual e necessário. Somente a união da classe trabalhadora dos países oprimidos pode refrear a sanha imperialista. Quem quer que seja vitorioso no pleito presidencial estadunidense, deve ser combatido com todas as forças pelo proletariado mundial e sua vanguarda.
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