Coletivo Espaço Marxista
Após o afastamento de Dilma Rousseff pelo Senado Federal, que em sessão do dia 11 de maio autorizou o prosseguimento do processo de impeachment, o governo interino de Michel Temer já mostrou a que veio. Reestruturou os ministérios, reduzindo o peso de temas como direitos humanos, igualdade racial, mulheres, indígenas e cultura; fez do entreguista José Serra chanceler, indicando desde já o realinhamento do país na órbita de Washington, em detrimento das relações com os BRICS e com a América Latina; colocou o truculento e fascista Alexandre de Mores na pasta da Justiça; sinalizou a aplicação da agenda neoliberal em uma escala sem precedentes -salvo o período de FHC nos anos 90-, com o aprofundamento da reforma da previdência começada no governo Lula, a extinção da CLT e direitos trabalhistas e sociais, a privatização das estatais ainda existentes, o fim da estabilidade de servidores públicos etc.
É evidente que se trata de um retrocesso claro em relação aos anos do PT. Ainda que Lula e Dilma também aplicassem a pauta neoliberal, inclusive com truculência -vide por exemplo a repressão desencadeada contra os manifestantes no leilão do Campo de Libra, no Rio de Janeiro em 2013-, não o faziam com a pressa desejada pelo grande capital, e além disso possuíam uma tinta "vermelha" -como se via nos programas sociais, influência nos movimentos populares, política externa etc.- que incomodava os reacionários. Daí a urgência do campo conservador em apear o PT do poder para colocar em seu lugar um governo de direita "puro sangue". Como não conseguiriam emplacar um programa tão anti-popular nas urnas, precisavam recorrer ao golpe, daí o impeachment orquestrado pelo amplo bloco de direita que envolveu a máfia peemedebista de Eduardo Cunha, o PSDB, o Judiciário (com os inquisidores Gilmar Mendes e Sergio Moro), o fundamentalismo cristão (Malafaia), defensores da ditadura civil-militar de 64 etc., ou seja, o que há de mais atrasado, reacionário e retrógrado no espectro político brasileiro, isso tudo alinhado ao imperialismo internacional.
Em resposta a isso, defendemos uma ampla frente única reunindo todo o campo popular, progressista e de esquerda no combate ao governo golpista Temer. Esse chamado à frente única não pode ser confundido com um "apoio" aos governos do PT. Somos oposição de esquerda. Contudo, diferentemente dos sectários e ultraesquerdistas, sabemos que bravatas como "fora todos" ou por uma "alternativa" não têm correspondência com a realidade de hoje. Ao contrário, a construção de uma alternativa dos trabalhadores será uma tarefa muito mais difícil caso se consolide o governo Temer/ PSDB, com seu anticomunismo, macartismo e hostilidade sem tréguas contra os movimentos sociais.
O momento, portanto, pede a unidade de ação das forças progressistas. Assim, o Coletivo Espaço Marxista estará nas ruas em todos os atos contra o golpe e contra o governo Temer puxados pelas Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo -mas mantendo nossas próprias posições, identidade e críticas-, e conclamamos nossos simpatizantes a fazer o mesmo.