Segue abaixo, vertida para o português, nota da Tendencia Militante Bolchevique -seção argentina do Comitê de Ligação para a Quarta Internacional, do qual nossa Frente Comunista dos Trabalhadores é a seção brasileira- sobre a conjuntura sul-americana. Os camaradas apontam a tática imperialista de investir no jogo eleitoral, com destaque para as eleições presidenciais argentinas deste ano.
Calendário eleitoral e golpismo
Tudo indica que o imperialismo tem mudado de tática. É onde os candidatos da direita pró-imperialista aparecem de forma mais "moderada" e, portanto, com maiores chances eleitorais. Tal é o caso de Caprilles na Venezuela, Scioli na Argentina e quiçá algum peemedebista no Brasil. Nessa nova tática, o jogo do imperialismo é aguardar o calendário eleitoral. Não se pode esquecer que Maduro esteve a ponto de perder as eleições na Venezuela. Tudo isso coincide com os métodos da Era Obama, que conjugam o calendário eleitoral latino-americano com golpes parlamentares. Assim, a tática golpista não foi abandonada pelo imperialismo, e sim faz parte de um plano de várias ramificações. Nesse sentido é que, na Argentina, nas primárias (1) e depois nas eleições presidenciais, não surpreendem candidatos fiadores do imperialismo que têm chance eleitoral, como [Sergio] Masa (da Frente Renovador), [Daniel] Scioli (da Frente para la Victoria) ou [Mauricio] Macri (do PRO [Propuesta Republicana]), todos pró-imperialistas, apesar de suas diferenças.
É muito provável que, conforme mencionado, o imperialismo reforce as tendências golpistas no Brasil como parte do esforço para manter o controle sobre a América do Sul. Não se pode esquecer que a alternativa dos candidatos pró-imperialistas não chegarem à Casa Rosada na Argentina coincidirá, cronologicamente, com o fim da Era Obama e o ascenso da direita republicana já em transição abertamente fascista nos EUA. O discurso de [Luís Inácio] Lula [da Silva] no 1º de Maio precisa ser visto nesta perspectiva, a do recrudescimento das tendências golpistas no Brasil depois de uma possível derrota (2) da direita pró-imperialista na Argentina, mais do que de uma preparação para 2018.
Notas
(1) Votações internas onde se escolhem os candidatos de cada partido. No caso da coalizão do partido governante, "Frente para la Victoria", os principais competidores são Scioli, governador da província de Buenos Aires, e [Florencio] Randazzo, atual Ministro do Interior & Transporte.
(2) A probabilidade da derrota de algum candidato pró-imperialista é algo que não se pode mensurar, haja vista a quantidade de manobras e a velocidade do processo político.