Em meio à cada vez mais descarada investida golpista da direita sulamericana, o Senado Federal brasileiro aprovou a criação de comissão, para "fim de verificar in loco a situação na Venezuela, estabelecer diálogo com membros do parlamento local, e com interlocutores representativos das oposições e da sociedade civil, bem como, se possível, com as autoridades daquele querido país irmão" (aqui). Salta aos olhos a canalhice da iniciativa.
O que move o autor do pedido, o senador Ricardo Ferraço -do PMDB do reacionário presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e com passagens por outros partidos direitistas-, na verdade, não é a preocupação com a "democracia" no "querido país irmão", e sim o objetivo de dar munição à oposição golpista venezuelana. Basta que se veja a tendenciosa fundamentação feita pelo dito senador, aludindo à detenção do prefeito de Caracas, Antonio Ledezma (de longo histórico reacionário e golpista, vide aqui), à cassação -dentro dos marcos legais, diga-se de passagem- da deputada María Corina Machado (aqui, com o patrão) e à situação de outro golpista de direita, Leopoldo López. Aliás, a justificativa para tal comissão é tão cínica que o senador Ferraço chega a citar "a morte do jovem manifestante de 14 anos, tragicamente morto por agente policiais em confronto durante protesto", isso quando a Polícia Militar fascista do governador Pezão, do seu mesmo PMDB, recrudesce o genocídio sobre a juventude proletária do Rio de Janeiro (aqui).
É um festival de canalhice, como se vê, que deve ser solene e cabalmente denunciado. Aqueles preocupados, de boa fé, com a acirramento dos enfrentamentos na Venezuela, e que almejam o fortalecimento e crescimento do país, devem buscar a alternativa não na direita reacionária patrocinada pelos EUA, e sim na classe trabalhadora venezuelana. Apenas o povo, organizado, pode nos tirar da encruzilhada onde o capitalismo decadente nos meteu.
