Coletivo Espaço Marxista
O ano de 2016 foi marcado por uma sucessão de derrotas para os trabalhadores brasileiros. A destituição golpista do governo de Dilma Rousseff, além de debilitar as já desmoralizadas instituições democráticas burguesas, colocou no poder uma quadrilha da direita mais reacionária que está implantando com voracidade as contrarreformas neoliberais e desmantelamento o que resta das conquistas sociais da Constituição de 1988. Além disso, o bloco golpista (que engloba não apenas as máfias parlamentares, mas também o grande capital, as oligarquias da mídia e o aparato repressivo do Judiciário/ MPF) deu uma nova orientação às relações internacionais do país, buscando colocar o Brasil debaixo da tutela de Washington e implodir a multipolaridade mundial e a integração da América Latina. Por exemplo, o recente afastamento da Venezuela do Mercosul, arquitetado em conjunto pelos governos direitistas que tomaram a América do Sul -Temer no Brasil, Macri na Argentina- mostra essa nova inclinação reacionária, que, evidentemente, também trará prejuízos para os BRICS e para o desenvolvimento e preservação das empresas e riquezas nacionais.
O cenário internacional não é mais promissor. Apesar das boas notícias das vitórias do Exército Árabe Sírio e aliados contra o jihadismo e os mercenários da OTAN na Síria, o país está longe de estar pacificado, o que acarreta grandes sofrimentos para a população civil. O papel do imperialismo e seus lacaios regionais nesse conflito e em outros (Ucrânia, Palestina ocupada, Iêmen) é descarado, mas apesar disso a manipulação midiática segue firme, conseguindo enganar um amplo público pelo mundo e mesmo setores da esquerda pequeno-burguesa, que capitula vergonhosamente ao discurso hegemônico emanado de Washington.
As dificuldades dos nossos tempos apenas nos estimulam a lutar ainda mais pela superação da atual sociedade capitalista e pela construção de um novo mundo, libertário e comunista, onde não haja exploração do homem pelo homem e onde todos possam desenvolver livremente suas potencialidades. O revolucionário deve ser pautado pelo otimismo, como diz Trotsky em seu testamento, mantendo viva a "fé no futuro comunista da humanidade". Tal construção revolucionária requer um engajamento diário, sem esmorecer.
Nós do Coletivo Espaço Marxista temos estado na luta, na medida de nossas pequenas forças. Ampliamos qualitativamente nossa atuação, contando com militantes, simpatizantes e amigos entre os estivadores do Porto de Santos (o maior do Brasil) e os profissionais da Educação no Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Temos estado presente nas manifestações de rua contra a famigerada PEC 241/ 55, a "PEC do fim do mundo" (desgraçadamente já aprovada pelos bandidos do Congresso), e contra os pacotes de maldades dos governos de Pezão e Sartori, no RJ e RS, respectivamente, ambos do PMDB, sempre sob severa repressão policial, bem condizente com o verdadeiro Estado de exceção dos dias de hoje. Também participamos da greve dos estivadores santistas em junho, além de apoiar a greve dos doqueiros de novembro. Manifestamos nossa solidariedade ao MST, vítima de invasão policial em outubro, exemplo da cada vez mais crescente criminalização dos movimentos sociais. E temos chamado sempre à unidade de ação contra a ofensiva reacionária em curso, participando e dialogando com grupos interessados na construção de uma frente de luta.
Em 2017 faremos nosso primeiro Encontro Nacional, onde poderemos aprofundar a discussão sobre diversos temas políticos e organizativos, além de realizar uma análise mais densa de conjuntura. Será um ano de enormes tarefas e desafios. Desde sempre convocamos para a construção de uma frente única, para que possamos somar forças, com humildade e sem sectarismo. Apenas com a união do campo popular, progressista e de esquerda, os trabalhadores do Brasil e do mundo conseguirão vencer a exploração e erguer o mundo novo.