Coletivo Espaço Marxista
O golpe avança a passos largos. Nos últimos dias o Brasil presenciou o óbito de Marisa Letícia, esposa do ex-presidente Lula, vitimada por um AVC que, sem a menor sombra de dúvidas, deve ser atribuído ao alto grau de stress causado pela perseguição dos inquisidores de Curitiba. Como se sabe, Moro et caterva, em sua cruzada reacionária contra o PT (e, indiretamente, contra o conjunto da esquerda e movimentos sociais), há tempos têm perseguido implacavelmente Lula e sua família, em um festival de arbitrariedades que envolve denúncias sem provas em processos criminais, grampos de conversas familiares com posterior vazamento para a imprensa e o infame sequestro do dirigente petista cometido pela Polícia Federal em 04 de março de 2016.
Como é de se esperar, os fascistas vibraram nas redes sociais com o óbito da ex-primeira-dama. Tais abutres, desprovidos de qualquer senso humanitário, são a base social do golpe. Foram os que sairam vestidos com a camisa da CBF (uma entidade corrupta até as entranhas), batendo panelas acalentados pelas vozes pernósticas e sinistras de Bonner e Waack, tendo à frente o ridículo "pato" da FIESP, em um ódio cego e irracional contra qualquer coisa minimamente "vermelha" (isto é, popular ou progressista). Os grupos dominantes utilizaram com maestria esse exército de "revoltados online" desmiolados, em uma conjuntura reacionária que culminou no impeachment de Dilma Rousseff.
Essa ofensiva contra o movimento popular e os direitos sociais segue a pleno vapor. Com o maior cinismo do mundo, o golpista Michel Temer indicou, para a vaga de Teori Zavascki no STF, morto em um "acidente" inexplicado, ninguém menos que o truculento Alexandre de Moraes, o sanguinário ex-Secretário de Segurança Pública de Geraldo Alckmin e atual Ministro da (in)Justiça do temerário governo. Moraes é tucano de carteirinha, tendo sido obrigado a se desfiliar do PSDB para poder ser nomeado. Evidentemente esse é um mero ato formal, para satisfazer a legislação burguesa. No STF, Moraes continuará sua militância de direita, tal como Gilmar Mendes, o mais tucano (pelo menos até agora) dos ministros. Salta aos olhos a hipocrisia da grande mídia: não se viu os fariseus "indignados" com o claro aparelhamento da corte pelo governo golpista. Fosse o PT fazendo a mesma coisa, esses bandidos e canalhas despejariam suas lágrimas de crocodilo no Jornal Nacional, contra a "ditadura bolivariana" petista.
Enquanto isso, pelos Estados, a população e os servidores são atacados brutalmente. Os governos do PMDB de Sartori, Pezão e Hartung, no RS, RJ e ES, respectivamente, buscam aplicar uma agenda neoliberal em ritmo vertiginoso, arrochando o funcionalismo e sucateando as empresas e serviços públicos, sempre em estreita sintonia com o governo federal golpista. Como não podia deixar de ser, tais medidas anti-povo sofrem resoluta oposição dos trabalhadores, e portanto os bandidos no poder precisam recorrer a violenta repressão militar-policial.
Há que lembrar também a crise no sistema prisional, como se viu nos massacres ("acidentes", segundo o temerário presidente) no AM, RR e no RN no início do ano, fruto da mentalidade "prendo e arrebento" com seu Direito Penal elitista e racista, incapaz de diferenciar os diversos tipos de "criminalidade" e as causas sociais por trás do fenômeno. Com presídios entregues à iniciativa privada, é do interesse dos grupos dominantes que mais e mais jovens pobres e negros sejam encarcerados- em sua reacionária lógica higienista, "limpam" as ruas e garantem os lucros dos empresários.
Como o Coletivo Espaço Marxista tem insistido, é preciso, mais do que nunca, que as forças populares, progressistas e de esquerda se unam, em uma frente única para resistir à maré reacionária. Somente a unidade nas ruas, sem sectarismo e sem oportunismo, pode impedir o descomunal retrocesso nos direitos humanos, sociais e trabalhistas que o bloco golpista quer empurrar pela goela do povo brasileiro.