sábado, 17 de junho de 2017

Setor naval brasileiro e a guerra na arena capitalista


Coletivo Espaço Marxista
junho de 2017

Em meados de 2014 a indústria naval brasileira começou a apresentar sintomas de deterioração. As primeiras demissões em massa começaram a acontecer no segundo semestre do ano e se incorporaram com um volume significativo à estatística nacional de desempregados.

Diversos estaleiros da costa brasileira passaram a diminuir sua força de trabalho vertiginosamente até chegarem ao nível crítico de fecharem suas portas temporariamente, na tentativa de se manter hibernados até que a crise instaurada no Brasil passasse e os investimentos bilionários da Petrobrás voltassem para as empreiteiras brasileiras, mas não foi o que aconteceu.

As empreiteiras que prestavam serviço de construção de navios e plataformas de perfuração e extração de petróleo estavam envolvidas quase que em sua totalidade na Operação "Lava Jato" e foram dizimadas pela mesma. Muitas tentaram fazer acordos de leniência ou buscaram recuperação judicial para continuar no mercado, mas nenhuma dessas alternativas foi suficiente para salvar a permanência das empreiteiras em alta atividade e consequentemente garantindo a manutenção dos empregos.

Para nós fica evidente que um dos reais objetivos da "Lava Jato", para o qual seus agentes da "República de Curitiba" trabalham com afinco, é o de atender à investida yankee no enfraquecimento da indústria brasileira para entrar no país com capital estrangeiro, se utilizando de acordos do parlamento brasileiro com Washington para explorar as riquezas naturais e os trabalhadores do país (o que explica a inflexível postura do governo em relação às reformas que tramitam no Congresso), e isso foi sacramentado com a postura adotada pela Petrobrás nos últimos meses.

Um exemplo disso foi quando a estatal representada na figura do seu atual presidente Paulo Parente informou que não retomaria as atividades no Pólo Naval do Rio Grande, no extremo sul do país (um dos últimos estaleiros em atividade) quando informou que "a Petrobrás não poderia ser responsável por políticas públicas e que atrasos e a prática de preços acima dos estipulados em encomendas de cascos de plataformas de petróleo feitas no Brasil foram muito ruins para a companhia". Atualmente a indústria naval brasileira encontra-se hibernada, enquanto que as nossas riquezas fósseis são leiloadas "a preço de banana" para os investidores estrangeiros.

Quando apontamos isso não estamos defendendo a burguesia brasileira. Não se trata aqui de defender o empresariado "nacional", e sim de apontar as contradições na arena capitalista internacional. Não interessa ao centro do capitalismo -EUA e os vassalos europeus- que haja outros agentes competitivos, que possam lhes fazer concorrência e disputar mercado com suas próprias indústrias. Pelo contrário, o imperialismo fará de tudo para manter as nações ditas periféricas em mais completo subdesenvolvimento e dependência.

Não há nada de progressista, portanto, na destruição da indústria brasileira pelas mãos de seus concorrentes internacionais (diretamente ou via instrumentos como a "Lava Jato"). A barbárie capitalista só terá fim com a apropriação social dos meios de produção sob o governo dos trabalhadores.
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