sexta-feira, 2 de agosto de 2019

O massacre dos povos originários não é novidade


José Tagus
do Espaço Marxista

Nos últimos dias a imprensa tem repercutido a notícia dos ataques de garimpeiros à comunidade Wajãpi, no Amapá. Uma milícia de cerca de cinquenta indivíduos armados invadiu as terras indígenas, ocupou aldeias e assassinou lideranças, como o velho cacique de 68 anos Emyra Waiãpi. A mídia internacional tem repercutido os acontecimentos, engrossando o caldo do espanto mundial com a catastrófica política ambiental do governo bolsonarista, que prontamente tentou minimizar ou mesmo negar o episódio.

O massacre dos povos originários não é novidade: remonta há meio milênio, quando os europeus aqui desembarcaram. "A barbárie veio da Europa", disse Bartolomeo de las Casas perante o próprio Carlos V, em passagem citada por Roger Garaudy em seu livro "Rumo a uma guerra santa?". Não quero aqui romantizar os tempos pré-colombianos com suas guerras tribais e costumes que feriam nossas suscetibilidades "civilizadas", mas a tecnologia de morte e de destruição trazida pelos europeus foi coisa inaudita em terras americanas. Do Alasca à Patagônia impérios foram subjugados e outrora orgulhosas nações reduzidas a um estado de semi-mendicância em "reservas", alienadas cada vez mais de sua história, cultura, linguagem e tradições.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

O medo virou luta


No dia 14 de fevereiro de 2018 o jovem Pedro Gonzaga, de 19 anos, foi estrangulado até a morte diante de testemunhas em uma filial do "Extra" na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, pelo segurança do supermercado David Ricardo Moreira.

O grotesco episódio, cujo chocante vídeo circulou amplamente pela internet, é uma amostra do trato do capitalismo com a vida humana. Na barbárie capitalista a vida nada significa, podendo ser descartada facilmente sem o menor escrúpulo, principalmente em se tratando da defesa de interesses empresariais. Veja-se, por exemplo, a orientação à polícia feita pelo recém-eleito governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, para "abater" suspeitos, como se estivesse falando de gado e não de seres humanos (nem gado!), ou o absoluto descaso da Vale do Rio Doce com as vítimas da queda de suas barragens. Como se não bastasse, há o fortíssimo racismo institucionalizado: a agressão covarde não decerto teria ocorrido se o jovem Pedro fosse loiro de olhos azuis.

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