quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

A morte de Teori Zavascki é outro capítulo do golpe



Coletivo Espaço Marxista

Mal foi confirmada a morte de Teori Zavascki, no acidente aéreo que vitimou ainda outras quatro pessoas no dia 19 de janeiro em Paraty-RJ, a especulação sobre o nome de seu sucessor no Supremo Tribunal Federal correu solta, em meio a uma rede de intrigas, suspeitas e boatos que tomou conta da grande mídia e das redes sociais. Tanta celeuma tem razão de ser: Teori era o relator da Lava Jato no Supremo, e conforme o regimento da corte o ministro nomeado para sua vaga será seu substituto na relatoria. E como se sabe a indicação fica a cargo do presidente da República, no caso o golpista Michel Temer, citado inúmeras vezes na mesma Lava Jato.

Esse é um dos motivos pelos quais nós do Coletivo Espaço Marxista entendemos que não se pode considerar o episódio uma mera "fatalidade". Há uma série de circunstâncias nebulosas: a demora no resgate, a demora em liberar a identidade das demais vítimas, a "desistência" da Aeronáutica de retirar a aeronave acidentada do mar, a tramitação da investigação sob segredo de justiça etc. Os provocadores que enxergam nisso apenas "teoria da conspiração" agem de má fé ou são ingênuos que não entendem que os grupos dominantes, com suas verdadeiras máfias envolvendo políticos, funcionários públicos e empresários, vivem em guerra fratricida e utilizam todas as armas para impor seus interesses. Às vezes de forma mais sutil, outras mais escancaradamente, costumam se livrar de peças incômodas sem hesitar.

Teori Zavascki, embora membro do STF e portanto integrante do golpe (vide suas atitudes ilegais e arbitrárias, como a prisão inconstitucional do então senador Delcídio, ou ainda só ter afastado Eduardo Cunha após este ter concluído o processo de impeachment na Câmara), tinha um viés legalista, tendo repreendido (ainda que timidamente) os excessos de Sergio Moro. Além disso, as delações da Lava Jato avançam sobre a cúpula do PMDB e do PSDB, e Teori já se debruçava sobre o material, inclusive mantendo o ritmo de trabalho no recesso do Judiciário. Os sinistros interesses por trás do golpe não poderiam correr o risco de que tudo fosse colocado a perder. Era preciso, assim, tirar de cena um elemento vacilante e substitui-lo por outro de total confiança.

Mesmo jornalistas da mídia burguesa têm levantado perguntas sobre o ocorrido. Os filisteus que falam em "teoria da conspiração" esquecem que junto aos altos aparatos estatais e empresariais a arapongagem é a regra- é o reino da espionagem e contrainformação, e que o serviços de inteligência, inclusive em parceria com órgãos estrangeiros, devassam a vida dos cidadãos. Há poucos meses foi descoberto um grampo, até hoje não explicado, no gabinete do ministro Luís Roberto Barroso, do mesmo STF. É muito fácil para essas máfias, portanto, providenciar uma sabotagem mecânica em um avião de pequeno porte como o do fatídico episódio. Temos certeza que, após a "rigorosa" investigação, concluirão por falha mecânica (ou colocarão a culpa no piloto, maculando post mortem a honra de um trabalhador). Assim os golpistas passarão incólumes e tocarão novas maquinações, e é óbvio que nos próximos meses outros "acidentes" acontecerão.

Conforme falamos em texto anterior, não temos a menor ilusão na Lava Jato, instrumento inquisitorial dirigido pelos tucanos alinhados a Washington para destruir o PT (e o empresariado em seu entorno) e realinhar o país geopoliticamente, a pretexto de "combater a corrupção". A morte do ministro Teori Zavascki é mais um capítulo nessa trama sinistra. Apenas os trabalhadores no poder poderão colocar fim nos desmandos e barbárie dos grupos dominantes.
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