quinta-feira, 14 de julho de 2016

Escolas ocupadas e a luta pela educação no Rio Grande do Sul


Alexandre Lobo
simpatizante do 
Coletivo Espaço Marxista

O professorado gaúcho tem sofrido sérias derrotas, embora por vezes as transformem - maquiem - em vitórias, como por exemplo não ter desconto dos dias parados nos casos de paralisação, como foi o caso da última greve de quase dois meses terminada há pouco... As mobilizações, mesmo com um congelamento salarial de mais de dois anos e com previsão de mais dois, contenta-se com a manutenção de migalhas.

Esse mesmo professorado que votou contra o petismo de Tarso Genro em nome de um piso, mobiliza-se com a mesma facilidade que desmobiliza-se, adotou a tecnologia do start stop. As greves desmancham-se no ar.

São os alunos, ocupando escolas, indignando-se pela qualidade da estrutura física da educação que estão, de fato, dando verdadeiras aulas de cidadania. Entretanto, a mídia, que no início deu cobertura, percebeu o perigo dessa juventude periférica - no sentido de estudar em escolas públicas. Alunos ocuparam escolas com goteiras, falta de policiamento, instalações elétrica e hidráulicas defasadas, e promoveram aulas livres, a céu aberto. Não se pode dizer que esses alunos mobilizados não querem estudar, ao contrário, querem estudar em condições reais de aprendizagem. Esses alunos deram verdadeiras aulas de cidadania, de reivindicação, mas o exemplo dado pelos mestres é estarrecedor…

Voltam às aulas nas mesmas condições precárias. Voltam às aulas perdendo. Quase todos perdem. O sindicato perde, quem vai querer entrar numa greve em que o resultado é nada? Os alunos perdem a esperança na mobilização, na própria cidadania. Os professores perdem o potencial reivindicativo. E a sociedade perde, pois lutar e se politizar não vale a pena. Quem ganha? Aqueles poucos, ínfimos, setores da sociedade que não necessitam de escola pública, mas lucram mais aqueles que estarão prontos para oferecer uma “terceira via”, uma escola particular prestadora de serviço público. Mas, certamente, não serão os professores que nela trabalharão os principais beneficiários de uma greve inócua.
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